top of page
Buscar
Foto do escritorMatheus Dias Vasconcelos

Antitéticos Contemporâneos

Idiossincrasia epistêmica na Psicanálise


O argumento tem três eixos: 1) o uso da lógica indutiva nas tentativas de incorporação da idiossincrasia epistêmica psicanalítica em outras idiossincrasias epistêmicas; 2) o qualificador para o que seria uma interdisciplinaridade "bem-sucedida"; 3) A colocação na balança da ética e o compromisso com a acreção das formas de ler e mudar o mundo.


  1. Vê-se hoje em dia uma pressa em aglutinar a Psicanálise a outros campos de saber-atuação na tentativa de mudar algo nas principais problemáticas atuais. Por exemplo: encontrar uma forma de acabar com a mentalidade bolsonarista que acaba alastrando-se para a pretensão palpiteira na lógica das ações econômicas, recaindo no método de importação de léxicos de um campo para o outro;

  2. Não há uma homogeneidade acerca dos critérios eleitores de uma relação disciplinar bem sucedida no sentido de potencializar crítica e revolução, e talvez seja estruturalmente impossível que tal critério apresente-se de forma a passar pelo número n de crivos necessários a fim de julgarmos o tal como válido;

  3. Na medida em que argumentam por um "anarquismo epistêmico" que se propõe a ser mais intelectualmente honesto ou por uma desobediência que valoriza o estatuto ético mais pertinente às populações marginalizadas em determinada conjuntura temos de tomar lados enquanto sujeitos inseridos em um tempo histórico: havendo possibilidade de aplicabilidade que fira a idiossincrasia epistêmica psicanalítica mas contribua para uma mudança consonante com nossos valores (i.e.: elementos que julgamos imprescindíveis para a continuação do campo e a eliminação de sofrimentos disputavelmente evitáveis), devemos aplicar a psicanálise em outro lugar além da clínica?



Não basta relembrar que "...o inconsciente não é perder a memória, é não se lembrar do que se sabe." (LACAN), temos de trazer de novo os dados imprescindíveis de que: dialeticamente, não existe um "novo" puro. Freud não criou - não se estuda este conceito de "criação o suficiente, aliás. Ele sistematizou.


Se 1) as evidências da recusa em ler certos autores para "não perder a fruição da 'descoberta'" ou o postulado de que Anna O. não foi a primeira pessoa a pedir para falar sem ser interrompida não forem suficientes;


2)se a admoestação para estudarmos arqueologia, literatura, cultura (Freud), lógica, antifilosofia - filosofia, diga-se de passagem. Parem de tentar complicar as coisas -, linguística, matemática (Lacan) não forem suficientes; 3) há de se pensar se o que configura uma idiossincrasia epistêmica (i.e.: não só os marcadores do que configura um dado como conhecimento ou o conjunto de práticas que dão a um corpo de saber o estatuto de ciência, mas a forma com a qual se pensa metalinguisticamente essas características) é o suficiente.


Pois que as nuances da negatividade (nada, nulo, vazio como subcategorias de falta); a consideração da relação objetal (feita pela ausência); o traço de elusividade do objeto da psicanálise (inalcançabilidade do objet petit a); os critérios parra considerar justificada uma conclusão advinda de uma forma de interagir com esse objeto (desconforto? mais elaboração? mudança na fantasia fundamental? passagem de sintoma parra sinthome? implicação no gozo? reconhecimento da própria lógica de negação? Qual é?) são múltiplos e intimamente conectados.


Quando se aplica uma análise de idiossincrasia epistêmica psicanalítica à arte logo se corre a defender a independência de confinamentos teóricos. Ao mesmo tempo, temos o exemplo de Edward Bernays, transpondo conceitos como o de falo para criar uma lógica de marketing que vendia uma falsa emancipação às mulheres. Se o critério de sucesso da aplicação for lucro, eis um exemplo de interação bem-sucedida. Que faremos do nosso lado?


(In)conclusões


  • A pressa no ser dismissive com a possibilidade de uma bem-sucedida interação de nosso campo com outros deve ser reavaliada.

  • Uma noção elástica da idiossincrasia epistêmica (diferente do que é visto na literatura contemporânea) deve ser adotada. Considerar que o campo foi feito de leves mudança s de outros campos; que ele é conjunto de enxertos - e você criticando o trabalho universitário estilo monstro do Frankstein, não é? Hum!

  • Pensar as estratégias e validades da postura que sustenta uma heurística filosófica em função de uma certeza moral.



Comments


bottom of page